Como analistas do comportamento, sabemos da importância de uma boa análise funcional e com isso precisamos levar em consideração o tipo de comportamento que estaremos analisando e a sua função, afinal, um mesmo comportamento pode ter diferentes funções.
Podemos definir topografia como sendo a descrição de um comportamento com base na sua forma ou estrutura. (MOREIRA e MEDEIROS, 2007)
Quando lidamos com casos de relacionamentos abusivos a atenção para as funções dos comportamentos dos cônjuges deve ser redobrada, pois isso pode ser a manutenção do comportamento da vítima para a permanência neste relacionamento.
Vejamos a seguir:
SITUAÇÃO
TOPOGRAFIA DO COMPORTAMENTO
FUNÇÃO NO RELACIONAMENTO ABUSIVO
Maria toma decisões contrarias de José.
‘’Só quero cuidar de você’’
Controle, Manipulação
Maria diz que quer aprender a trocar pneu.
‘’Deixa que eu faço isso para você’’ ‘’Para que você quer aprender se você tem eu?’’
Diminuição de autoconfiança da namorada
Após uma discussão
Dar um presente
Manipulação
José perde a hora para o trabalho
‘’A culpa é sua! Se você não ficasse me obrigando a conversar com você até mais tarde isso não aconteceria’’
Desresponsabilização
Início de relacionamento/após uma briga
‘’Você é minha!’’
Posse, necessidade de autoafirmação
Maria diz que irá se encontrar com uma amiga
‘’Não confio nela’’
Manipulação, Isolamento Social
Maria emite um comportamento contrário ao que o José espera.
Tratamento de gelo, silêncio
Punição, controle, manipulação
Quando José percebe que está perdendo a atenção da namorada.
José chora
Evocar pena, manipulação
Os mesmos comportamentos podem ser vistos em um relacionamento, mas não necessariamente terá a mesma função, para isso, é importante que avaliemos o antecedente no qual a resposta foi emitida:
SITUAÇÃO
TOPOGRAFIA DO COMPORTAMENTO
FUNÇÃO
Maria está doente.
‘’Só quero cuidar de você’’
Cuidado, carinho
Maria está com dificuldade para realizar uma atividade
‘’Deixa que eu faço isso para você’’
Companheirismo
Em uma data especial
Dar um presente
Demonstração de afeto
Maria conta uma situação desconfortável com uma colega
‘’Não confio nela’’
Alertar
Em uma situação desagradável
José chora
Necessidade de cuidado, demonstração de sentimentos
O que acontece nos casos de relacionamentos abusivos é que há uma generalização das funções e as pessoas interpretam todas as topografias como tendo a mesma função e uma das funções do psicoterapeuta será de discriminar isso com o seu cliente.
Moreira, M. B., & Medeiros, C. A. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed.
Era uma noite escura, uma garota corria desesperada, lutando para manter o equilíbrio por entre uma estrada tortuosa. Atrás de si, uma besta horrenda rosnava em ao seu enlace. Por entre as árvores de caules negros, um cavalo se meteu em seu caminho, e a velha bruxa a tomou pelos pulsos, ajudando-a a fugir. No sacolejar da montaria, a velha explicava tudo para a garota sobre o que estava acontecendo e mais tarde, ao encontrarem seu tio e narrar toda a história, ele começa a escrever sobre os horrores trazidos por um artefato a uma afastada vila.
Durante todo o sonho, eu não fiz parte dele, quero dizer, toda a cena se desenrolava como se eu assistisse a um filme. Os personagens, já com nomes e funções dentro da narrativa eram mostrados, e o sonho terminava com o livro já sendo escrito. Eu me lembro da frase final, era algo como:
“E esta é uma história que narra muito bem o porque não se deve aceitar presentes de um estranho.”
Claro que utilizei este sonho para se tornar um romance que está em processo de criação. Essa não foi a primeira vez que fiz isso, nem mesmo a única. Nem mesmo eu sou o único a utilizar sonhos como fonte de inspiração. Harry Potter, romance que marcou uma geração inteira e tornou J. K. Rowling a primeira escritora de livro infantil milionária, teve sua ideia vinda de um sonho.
Quis começar destacando o sonho, porque, assim como a inspiração, este é um assunto que costuma estar envolvido certo misticismo e cujo interesse remonta a milênios atrás. Além de ser um resultado complexo de interações — bem, pela narração de meu sonho acima, acredito que seja sensato falar em muitas interações complexas envolvendo, principalmente, a história de vida individual e cultural. Essa associação, na verdade, é feita por Skinner (1957), mas já chegaremos lá.
Na Grécia antiga, a importância dada à inspiração foi tamanha que ela teve direito a um grupo de divindades: as Musas. Seres que inspiravam nos artistas as palavras certas em suas obras, abençoando-os em sua produção. Aliás, esta concepção era tão forte, que os gêneros possuíam uma marcação estrutural de invocar as Musas, ou outras divindades, para ajudá-los em sua empreitada artística, a qual se repete nas obras gregas Teogonia, Odisséia e Ilíada; romana, Eneida; portuguesa, Os Lusíadas e sobrevive até hoje, como em O amor de Apolo e Jacinto, em que o autor cearense mescla elementos da poesia épica com o cordel.
Eu poderia continuar a contar muitos outros rumores que circundam as diversas fontes de inspiração de escritores, porém quero, na verdade, falar sobre uma postura que parece perdurar desde os tempos de ouro da Grécia, se não antes: o de esperar a inspiração para começar a escrever.
Durante as eras, aprendemos a lidar com aquilo que entendemos por inspiração como sendo uma força motriz, por vezes única, de fazer o rio fluir. Uma pergunta rápida: quantas vezes você esperou pela inspiração para poder começar a escrever? E não me refiro unicamente a escritores literários, também já vi escritores acadêmicos reproduzindo o mesmo discurso quando questionados sobre o porquê de não escrever: “estou esperando a inspiração”, ou pelo menos: “estou esperando o momento perfeito”. Bem, sinto muito quebrar um pouco do romantismo, mas explicar a sua escrita através da inspiração, é a mesma coisa que falar que não escreve por um bloqueio. Voltamos àquele estado circular.
— Por que você está escrevendo mais?
— Porque eu estou inspirado!
— E como é que você sabe que está inspirado?
— Porque eu estou escrevendo mais!
Vamos lá, antes que desistam de mim por blasfemar contra a inspiração, afirmar que ela não produz a escrita, não é a mesma coisa que dizer que ela não existe. Inspiração existe, sim, mas assim como o bloqueio de escrita, nós estamos falando de um estado — ativado por alguma razão ou razões — em que se observa uma maior facilidade para escrever, uma baixa no autojulgamento, uma maior fluidez e foco, e não de uma coisa que nos faz escrever.
Trazendo para a metáfora do rio, este é o momento em que afluentes estão favorecendo o seu rio da escrita, ou mesmo que não existem barreiras para represar suas palavras sedentas para sair. O que existe apenas é o horizonte inimaginável da escrita.
Eu sei, é bom se sentir assim. De certo modo, até viciante, não? O problema acontece quando nos relacionamos com a “Inspiração” como se ela fosse a única responsável por nos levar à escrita, pois, como em toda regra, o que se observa é uma maior insensibilidade ao seu contexto atual, podendo levar a padrões adoecidos (Hayes, Strosahl & Wilson, 2021). Ou seja, para começar e continuar sua escrita, alguém precisaria estar nesse ponto tido como ideal ou certo, caso contrário, ela poderia não ser boa, iria ser automatizada, sem emoção etc. Esse tipo de postura não difere tanto dos antigos à espera das divindades, das Musas: o protagonismo da escrita passa a não mais pertencer ao escritor, mas a esse outro, essa instância metafísica que nos anima, a inspiração.
Isso soa um pouco perigoso, porque nos faz adotar uma espécie de postura passiva diante da escrita. Inspiração é importante, sim, mas ela é apenas uma parte do processo, um aspecto motivacional o qual você deve usar a seu favor, e não ficar refém dele.
Mas como a inspiração funciona? Seria possível fazermos algo para nos deixar mais abertos a esse estado?
Em minha experiência, seja como escritor ou psicólogo, ouvi diversos contextos que deram ideias sobre o que escrever a pessoas. Sonhos, matérias de jornais, conversas com amigos, uma paixão… Colocando-me um pouco aqui no texto, muitas de minhas ideias mesmo aparecem em sonhos, e desde que era mais jovem, é muito comum que o processo de criação de ideias ocorra enquanto eu ando! Aliás, uma das formas utilizadas por escritores para sair de um estado de bloqueio que mais foi citada na pesquisa de Ahmed (2019) foi andar.
Boice (1990), por sua vez, pode nos oferecer uma importante contribuição para esse estado que compreendemos como inspiração. O pesquisador, tendo como foco produções acadêmicas, reuniu um grupo de professores e arranjou uma série de contingências, atribuídas aos participantes aleatoriamente, dividindo-os em três grupos: o primeiro, em condição de abstinência, foi proibido de qualquer escrita não emergencial, imediata; para o segundo, em condição espontânea, agendaram-se 50 dias de escrita, mas os participantes só deveriam escrever quando se sentissem inspirados; e o terceiro, por sua vez, foi obrigado a escrever durante todos os 50 dias da pesquisa. Os resultados mostraram que o terceiro grupo não só escreveu consideravelmente mais em relação aos anteriores, como seus participantes também relataram ter ideias as quais consideravam mais criativas.
Anote esta dica: manter uma escrita constante, nem que seja por breves períodos, pode ser essencial para um estabelecimento de um hábito saudável. Mais à frente iremos conversar sobre isso. Por mais paradoxal que possa parecer, manter uma escrita constante pode ser uma variável importante para o surgimento de ideias criativas, como ocorre em estados de inspiração, e não o contrário como se pensa ou se costuma falar.
Skinner (1957), em um capítulo dedicado ao processo de autocorreção — processo que gostaria de retomar em textos futuros –, pontuou que estados de inspiração parecem estar associados com baixas nesse processo de edição. Assim como nos sonhos, não existem barreiras ou contingências punitivas de seu conteúdo, apenas um livre fluxo de informações, que guarda similaridade com a escrita automática (escrever livremente sem se autocorrigir, sem ponderar muito sobre as palavras a serem colocadas, deixando-as fluir). No caso, ele cita o exemplo do autor Stevenson, do célebre romance O Médico e o Monstro, cuja ideia para a obra também se originou em um sonho.
Como disse antes, o sonhar é apenas uma das diversas fontes de inspiração, isto é, desse estado motivacional que nos ajudaria a contribuir para a nossa escrita. Em minhas sessões, eu costumo pedir para que meus clientes estejam atentos a contextos que poderiam dar novas ideias, seja para a escrita literária, seja para a acadêmica. Por exemplo, um artigo que me deu muitas ideias foi o de Rose (2016), e sempre que o releio, parece que me vêm mais ideias para explorar em futuros trabalhos. Esta postura significa, principalmente, se deixar ouvir mais sem autojulgamento ou, principalmente quando for escrever, deixar que o rio flua sem barreiras.
Um benefício de pensar na inspiração como estado motivacional, é saber que ela na verdade é produto desses fatores, um efeito que adoramos e valoramos, em que coisas no mundo o inspiraram a ter aquela ideia, aquela fala, ou a estruturação de um conceito. Se a inspiração é produto de algo que fazemos, nossa postura não mais está passiva, mas sim ativa, protagonista, seja ao vermos uma notícia, encararmos uma memória ou lermos um artigo científico.
De todo modo, estar mais atento ao presente e ciente de seu processo de escrita, de um modo ativo e protagonista, é sobretudo um convite para procurar inspiração nos mais diversos recortes de sua vida! Observe seu mundo privado, seus pensamentos e sentimentos, ou mesmo olhe para o mundo externo, algum acontecimento peculiar, algum trabalho científico que leu, todos esses elementos podem ser a fagulha que estava procurando! Sempre anote suas ideias, sem receio ou julgamento — lembre que estamos falando de um processo aqui –, separe um espaço para se sentir livre para criar e retornar. Eu costumo fazer isso num arquivo de texto ou mesmo pelo celular, o importante é não perdê-las. Ideias são como sementes, antes de darem frutos, é necessário plantar, germinar e alimentar. Então, sim, mantenha suas sementes.
Inspirações não são eternas, ou seja, você, ou seu cliente, experimentará muitos estados de inspiração, mas todos eles terão seu início, meio e fim. Permanecendo com uma postura ativa, cultivando as práticas citadas acima, você poderá estar mais aberto e reconhecer a sua relação com a inspiração, tornando-se cada vez mais protagonista da própria escrita.
Referências Acadêmicas:
Ahmed, S. J. (2019). An Analysis of Writer’s Block: Causes, Characteristics, and Solutions.(Dissertação de Mestrado). University of North Florida, Jacksonville, FL. Disponível em: https://digitalcommons.unf.edu/etd/903.
Boice, R; (1990). Professors as writers: A self-help guide to productive writing. Stillwater: New Forums Press.
de Rose, J. C. (2016). A Importância dos Respondentes e das Relações Simbólicas para uma Análise Comportamental da Cultura1. Acta Comportamentalia: Revista Latina de Análisis de Comportamiento, 24(2), 201-220. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/2745/274545739006/html/
Hayes, S. C., Strosahl, K. D. & Wilson, K. G. (2021). Terapia de Aceitação e Compromisso-: O Processo e a Prática da Mudança Consciente. Artmed Editora.
Skinner, B. F. (1957). Verbal behavior. New York: Appleton-Century- Crofts.
Por diversas vezes abri o documento do word esperando conseguir escrever algo bacana. Tentei buscar inspirações em outros textos que escrevi, em textos que li, em podcasts que ouvi, mas nada vinha.
Em alguns momentos, meu pensamento era: ‘’ está tudo bem, daqui a pouco eu tento de novo’’, em outros: ‘’eu preciso escrever isso agora’’. Penso que, o sentimento que consegue resumir bem tudo isso é: a frustração!
Há alguns anos atrás participei de uma palestra cujo o nome era: ‘’você só saberá lidar com a frustração se frustrando’’. Hoje essa palestra fez todo sentido. Durante a palestra, o palestrante comentou que por mais que existem diversos livros de autoajuda que falem sobre o tema, não existe um manual de instrução que nos ensine a não nos frustrarmos mais.
Frustrações fazem parte da nossa vida e só vamos aprender a lidar com elas quando estamos expostos a essas situações.
Não temos como nos preparar para uma situação para que quando ela aconteça, sintamos menos… por mais que você se prepare para lidar com a dor de uma injeção, você vai continuar sentindo a dor quando ela for aplicada e essa dor passa!
Aceitar o que estamos sentindo é fundamental para situações assim… a questão, é que somos ensinados a nos esquivar de nossos sentimentos!
Hayes e Pistorello (2015) mencionam:
Aceitar um evento encoberto é estar disposto a tê-lo, é possibilitar sua manifestação e não evitar entrar em contato com ele. Não é o mesmo que resignação, tomá-lo como uma certeza ou com tolerância, mas perceber o que está acontecendo com seus pensamentos e sentimentos sem perder de vista que são apenas pensamentos e sentimentos, sem se fundir a eles. (…) Aceitar os eventos encobertos tem duas grandes vantagens: o autoconhecimento — saber o que se passa consigo mesmo e como os acontecimentos repercutem nos pensamentos e sentimentos, possibilitando o acesso à experiência e consequentemente aprendendo através dela; e a neutralização da necessidade de fugir ou evitar estes eventos (p.69)
No próximo texto, falarei mais pra vocês sobre como aceitar nossos sentimentos! Hayes, S.C. e Pistorello, J. (2015). Introdução a Terapia de Aceitação e Compromisso. Belo Horizonte/MG: Artesã. P.69
Bruna Catarina Pavani – @psicobrupavani
Especialista em Análise do comportamento (ITCR) | Pós graduanda em Sexologia (INPASEX) CRP 06/135021
De acordo com Martin e Pear (2009), uma dada classe de respostas pode ser reforçada em esquema de reforçamento contínuo – quando o reforço é produzido toda vez que o comportamento é emitido – ou intermitente – quando o comportamento ora é reforçado, ora não. Boa parte do nosso comportamento no cotidiano é reforçado intermitentemente; por exemplo, você só recebe seu salário quando trabalha por determinados dias e não depois de cada comportamento emitido no trabalho.
Tendo isso em vista, vamos imaginar duas situações:
João namora com Maria e Maurício namora com Cláudia.
Todos os dias João leva flores a Maria, já Maurício, leva de vez em quando flores a Cláudia.
Em um determinado dia, João se esqueceu de levar flores a Maria e Maria brigou com João. Mas como Maurício não leva sempre flores a Cláudia, quando ele leva, Cláudia se surpreende.
Agora, vamos fazer uma análise funcional disso:
Tabela 1. Relacionamento de João e Maria:
Resposta de Maria
Consequência
Função da consequência para Maria
Ações de Maria
Aproximar-se de João
João leva flores
. Evidência de afeto (Maria sente-se amada SR+); . Diminuição de eventual privação afetiva (SR-).
. Maria se comporta em função da apresentação do reforçador; . Manutenção da relação em esquema de reforçamento contínuo.
Aproximar-se de João
João esquece de levar as flores
. Retirada da evidência de afeto (Extinção); . Como o esquema é de reforçamento contínuo, a experiência de Maria é de retirada do reforçador (seu comportamento de aproximar-se de João não foi reforçado com flores nessa ocasião.
. Maria se comporta em função da retirada do que era reforçador a ela; . Brigas ocasionais Questionamentos sobre o relacionamento Afastamento de Maria em médio prazo.
Maurício encontra Cláudia e apresenta demonstrações de afeto variadas.
. As ações diversas de Maurício provêem evidências de afeto; . Diminuição de eventual privação afetiva de ambos (Sr-) . Por se tratar de um esquema de reforçamento intermitente, a ausência das flores, não é vivida como “retirada” de algo.
. Cláudia se comporta em função da apresentação dos reforçadores.
Aproximar-se de Maurício
Na presença da namorada, Maurício leva flores em momentos inesperados.
. Cláudia “se surpreende” quando recebe as flores (Sr+ – por ser um evento pouco frequente, a apresentação das flores é vivida como “novidade”, e encontro é somado ao evento “receber flores”.)
. Cláudia se comporta em função do que Maurício adiciona ao relacionamento; . A apresentação das flores contribui para a manutenção do comportamento em esquema de reforço intermitente.
Sr+ = Reforço positivo; Sr- = Reforço negativo
João reforçava continuamente o comportamento de Maria ao vê-la, levando flores. Quando ele deixou de levar a flor, Maria estranhou e discutiu com ele, pois este não era um comportamento esperado de João. A retirada do reforçador em um esquema de reforçamento contínuo estabelece uma condição de extinção – nesse caso, o comportamento de Maria de se aproximar de João é que deixa de ser reforçado com flores. E é aí que está a diferença entre as duas situações… quando o comportamento é reforçado continuamente, ele é menos resistente à extinção e, logo que o reforço é retirado, já fica evidente a falta do reforçador e a “falha” no esquema.
Cláudia, por sua vez, como Maurício lhe levava flores apenas eventualmente, aprendeu a esperar pelo reforçamento – ou seja, seu comportamento se tornou mais resistente à extinção. Assim, na ausência do reforço não há conflitos em seu relacionamento, pois a “novidade” na situação é a apresentação do reforçador, e não a sua retirada. Isso se dá porque Cláudia está exposta a um esquema de reforçamento intermitente.
Podemos pensar em outros reforçadores existentes nas relações amorosas, que, quando deixam de existir, ou diminuem de frequência, podem causar atritos, tais como: ligações, mensagens, presentes etc. Troquem as flores desse exemplo por responder mensagens, por exemplo… se você costuma responder imediatamente em toda ocasião, estabelece um padrão de reforçamento contínuo. Dessa forma, a partir do momento que você não responde imediatamente, isso pode gerar um atrito. Por outro lado, se de vez em quando você responde rápido e de vez em quando não, a pessoa já espera isso de você.
É comum que essas mudanças no esquema de reforçamento ocorram gradativamente. No início de uma relação, a novidade é uma operação motivadora (OM – aquela que, momentaneamente, altera a efetividade reforçadora de um estímulo) poderosa e, movidos por essa operação motivadora, tendemos a dar atenção ao parceiro em esquema quase contínuo. Com o tempo de convivência uma nova operação motivadora começa a agir, que é a estabilidade na relação de afeto, ao mesmo tempo que a OM “novidade” começa a diminuir. Em função dessas mudanças, tendemos a confiar na relação de afeto, e temos menos necessidade de responder continuamente. Essa mudança pode ser sentida por alguns como ameaçadora, gerando insegurança, cobranças e brigas. Se essas mudanças se estabelecem de maneira abrupta, o conflito é quase certo.
Para quem trabalha com casais ou mesmo quando se discutem relações amorosas na psicoterapia individual, pensar sobre o impacto desse esquemas de reforçamento sobre o relacionamento é fundamental.
Martin, G. e Pear, J. (2009). Modificação de comportamento. O que é e como fazer. Trad. Noreen Campbell de Aguirre; revisão cientifica Hélio José Guilhardi. São Paulo: Roca. 8° ed. pp. 89
De acordo com Skinner (1984), regras são descrições de relações entre as ações de um sujeito e suas possíveis consequências. As regras podem se apresentar de diversas formas, tais como instruções ou conselhos, auxiliando assim o processo de aprendizagem. Além disso, a própria pessoa pode exercer o papel de ouvinte/falante ao mesmo tempo, emitindo regras para si mesmo – quando isso ocorre, damos o nome de autorregeras.
Quando pensamos em regras e relacionamentos amorosos, nosso senso comum costuma ditar diversas regras sobre formas de se relacionar. O indivíduo pode ainda formular autorregras aa partir de sua história de vida.
Vamos pensar em algumas regras sociais:
‘’Depois que casar muda’’
‘’ Se está difícil é porque vale a pena’’
‘’ Uma boa mulher muda o homem’’
‘’ Mulher de balada não dá para ser levada a sério’’
‘’ Homem é tudo igual’’
E por aí vai….
Podemos pensar que existem vantagens e desvantagens ao seguirmos regras. Uma de suas vantagens é que aprendemos de forma mais rápida, até porque, passamos a seguir instruções e podemos generalizá-las. No entanto, uma de suas desvantagens é que podemos ficar insensíveis às contingências, ou seja, não discriminamos as contingências em operação por estarmos sob controle das instruções recebidas e com isso, diminuímos nossa variabilidade comportamental. (MEYER, 2007).
De acordo com Paixão (2016), “os comportamentos controlados por regras podem ser mantidos por uma consequência não especificada pela própria regra e que não seja produzida diretamente pelo comportamento. Dito de outro modo, o comportamento governado por regras pode ser modelado e mantido por controle social.’’. O reforçamento social, portanto, pode manter um comportamento de seguir regras, mesmo quando essa regra não corresponde à contingência nela descrita e daí a insensibilidade à contingência.
Ao pensarmos nas regras descritas acima, se ficarmos sob controle delas, podemos nos manter em relacionamentos abusivos e/ou acreditar que a pessoa irá mudar, afinal, isto está descrito na regra, podemos acreditar que a responsabilidade de um relacionamento não dar certo é totalmente da mulher, afinal, uma boa mulher muda um homem, não é mesmo?
Podemos generalizar o comportamento dos homens, acreditando que todos irão se comportar da mesma forma- sendo que cada um tem sua própria individualidade – e com isso, dificultamos a discriminação de contingências.
Ao seguir a regra ‘’se está difícil é porque vale a pena’’, a pessoa pode aumentar sua tolerância a situações toxicas e com isso, ficar insensível aos seus sentimentos e limites.
Seguir regras não é algo considerado ruim, porém, seguir regras em excesso pode ocasionar em prejuízos pois o indivíduo pode e tornar insensível ao ambiente. Algumas regras são necessárias para a nossa sobrevivência, como por exemplo: ‘’no farol vermelho, não atravesse’’. Mas é importante que sejamos flexíveis quando necessário.
Meyer, S. B. (2007). Regras e autorregeras no laboratório e na clínica. In. Rodrigues, J. & Ribeiro, M. R. Análise do Comportamento: pesquisa, teoria e aplicação. pp. 211-228.
No meu texto anterior falei sobre sermos ponte entre o cliente e a sua vida valorosa. Gosto bastante de usar metáforas para explicar contextos ou situações que eu considero complexas. E não me parece simples e muito menos linear a compreensão sobre o trabalho do terapeuta. Digo isso porque volta e meia ouço afirmações como “a minha terapia é a academia”, “o que você precisa é conversar com seu líder religioso”, “peça a Deus e ele vai te ajudar”, “vá ler um livro, assistir um filme” ou “vá ao salão que melhora sua autoestima”. Entenda que aqui não estou fazendo julgamento sobre a prática de atividades ou ações com finalidade terapêutica. A minha análise reside na ausência de clareza sobre o quão eficaz pode ser o trabalho do terapeuta.
Nesse sentido, perceber o terapeuta como ponte é um passo importante no processo terapêutico. Quanto mais eu penso nas formas e funções de uma ponte mais eu associo com o trabalho do psicólogo. Ora veja:
uma ponte não atravessa, ela é meio de travessia;
a escolha de fazer a passagem é do outro, não da ponte;
ela pode oferecer segurança, uma bela vista,
uma arquitetura moderna
e ainda assim o trabalho de atravessar
é do passante, não da ponte.
Eu percebo o terapeuta da mesma forma. Ele pode ter um espaço de atendimento moderno e arrojado, aconchegante e arejado. Ele pode ter uma estante repleta de livros, certificados e diplomas espalhados pela parede, mas se ele não se horizontalizar como uma ponte, o cliente não irá trilhar o caminho esperado. Essa horizontalidade, para mim, é o ponto chave que deve nortear o terapeuta nas suas ações. É preciso propagar a mensagem de que psicólogos não são detentores da verdade e muito menos da razão. Que não temos uma caixinha com todas as respostas e muito menos com as receitas da felicidade. Nós, terapeutas, sofremos, erramos, nos sentimos inseguros, expostos e muitas vezes insuficientes. Porém, fomos ensinados a não mostrar nossas incertezas aos nossos clientes e muito menos aos nossos colegas de profissão.
Entenda, não estou orientando que você exponha todas as suas questões para o seu cliente, faça isso com o seu terapeuta! O que eu estou argumentando é que precisamos transmitir a mensagem de que somos humanos e assim como qualquer outro nos distraímos durante um diálogo, ficamos indecisos sobre qual direção tomar e… tudo bem. O que realmente importa é que você esteja comprometido assim como seu cliente com o processo terapêutico. Percebo, em minha experiência e pelas leituras sobre terapias contextuais, que quando a condução ocorre dessa forma, a vinculação é muito mais poderosa e duradoura, com alta probabilidade de bons resultados.
Entretanto, quero chamar atenção para o antes. Aquele espaço temporal em que a pessoa ainda não se tornou seu cliente. Essa pessoa precisa perceber você como alguém capaz de ajudá-la a sair da condição de sofrimento. A transmissão dessa mensagem deve ocorrer de várias maneiras. Através da sua comunicação tanto nos meios digitais como off-line. Em suas aulas, palestras e/ou ações comunitárias você pode apresentar uma conduta não julgadora, acolhedora e disponível para ser suporte de passagem de uma vida de dor para uma vida de valor. Gosto de associar esse trabalho prévio com a imagem de um guia. Alguém que segura a mão de uma pessoa e a conduz, nesse caso, para o início de um processo terapêutico. Ao mesmo tempo guia, desarma, desmonta e oferece segurança.
É importante se sentir seguro num ambiente em que as dores serão expostas, analisadas e com grande potencial de serem curadas. Então, tendo em vista que eu devo me comportar primeiro como guia e depois como ponte, faço a seguinte reflexão enquanto terapeuta: Que mensagem eu estou passando? Meu consultório (virtual ou presencial) acolhe ou repele? Minhas falas aproximam ou afastam? Minhas roupas convidam ao diálogo ou silenciam? Estou sempre me revisitando e convido você a fazer o mesmo.
Ficar atento a como o ambiente responde ao nosso comportamento é fundamental para receber as respostas às perguntas acima. Chamo atenção para esse fator pois percebo que nos tornamos mais e mais polarizados e julgadores de conduta social nos dias atuais. Pare uns instantes antes de se engajar na próxima atividade e descubra quais respostas você irá encontrar.
Referências
Abreu-Rodrigues, J. & Ribeiro, M. R. (2005). Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicação. Porto Alegre, RS: Artmed.
Moreira, M.B. & Medeiros, C. A (2007). Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed
Skinner, B.F. (2003). Ciência e comportamento humano. Trad Joao Claudio Todorov e Rodolfo Azzi. 10ªed São Paulo: Martins Fontes
Depois de algum tempo diante de uma folha em branco lutando para começar a escrever, decidi digitar “livremente” o que “eu estava pensando”. Em outras palavras, escrever sob controle de antecedentes que sinalizem acesso a consequências positiva e negativamente reforçadoras simultaneamente. E assim eu fiz! Obviamente, após escrever e reescrever incontáveis vezes, enviei para que “fontes seguras” avaliassem e emitissem uma opinião. Em seguida, encaminhei para a “revisão final” e depois de aprovado foi liberado para que você estivesse lendo neste exato momento um texto do qual eu me orgulho e tenho o prazer de divulgar.
A despeito dessa história com “final feliz”, gostaria de me ater à pessoa que estava encarando a tela do computador sem conseguir escrever e com dúvidas se conseguiria ou não organizar um raciocínio que fizesse sentido suficiente para ser divulgado como texto. Esta pessoa não sabia o que fazer e é sobre ela que eu quero conversar com você. Todos nós passamos por momentos como este. Às vezes a questão é de ordem prática e de solução mais tangível, tal como decidir se muda ou não de casa ou escolher qual curso superior fazer. Entretanto, existem questões que são um pouco mais complexas, exigem mais atenção e a solução não é aparente. Estou falando de temas tais como sensação de inadequação social ou não pertencimento, baixa autoestima, carência afetiva, preocupação excessiva com os eventos futuros, ausência de interesse em atividades que antes lhe animavam e por aí vai. A lista é longa.
Eu e você sabemos que para as questões citadas acima a indicação mais adequada é que a pessoa faça terapia. Porém, o que vemos em nossa sociedade é uma resistência significativa em perceber o processo terapêutico como sendo eficaz, necessário e o que tem maior probabilidade de promover mudanças duradouras na sua qualidade de vida. Tão óbvio não é mesmo? Então eu me pergunto, por que as pessoas em sua esmagadora maioria são tão resistentes à fazer terapia? Para nós psicólogas, as respostas são velhas companheiras: “eu não preciso”, “eu não sou maluca” ou “eu não tenho problemas” e “eu consigo resolver sozinho”. É claro que existem várias outras, mas estas são as que mais me recordo agora.
Enquanto eu estava divagando sobre esta resistência fiz uma associação com o que estava me travando e me fazendo desistir de escrever este texto. As palavras que vieram foram “isso é muito ansiogênico”, “eu não tenho nada de interessante para falar”, “não vou dizer nada que alguém mais competente não o tenha feito melhor e com mais eficácia” e a vontade de abandonar o projeto foi enorme. Entretanto, mesmo sendo uma sensação desagradável e com a possibilidade de resolução imediata – pois bastava comunicar ao editor que não teria condições de cumprir com a tarefa a que me comprometi (fuga) -, eu encontrei uma palavra que resume a explosão que acontecia no meu corpo: vulnerabilidade!
Sim! Claro! Eu estava com medo de me vulnerabilizar. Mesmo tendo as credenciais que eu julgo necessárias para escrever tal texto, não me senti segura em me expor, afinal de contas não quero ser incompreendida, ridicularizada ou criticada pelos meus pares. Pares? Talvez eu esteja mais próxima da questão que me “trava”. Vejo grande parte da nossa área (Analistas do Comportamento) emitindo comportamentos poucos flexíveis para formas menos catedráticas de se comunicar. Mesmo este sendo um tema que se debate nas coxias, muito pouco é falado em meios oficiais. O que, em parte, colabora com a percepção que eu tenho da nossa comunidade.
Acredito que aqui eu atingi o x da questão. A minha dificuldade em escrever reside no fato de não me sentir em par de igualdade a quem possa ler esse texto e isso me trava, fico receosa em não ser acolhida, aceita e permanecer com o problema que me incomoda: não conseguir escrever.
De modo semelhante, uma pessoa com questões de ordem psicológica pode não identificar na terapeuta um par que possa ser verdadeiramente fonte de ajuda, suporte e melhora. Em parte, porque somos ineficientes em comunicar ao público leigo o que de fato fazemos e o que se pode esperar ao ser acompanhado por nós. E quando comunicamos, observo que nos colocamos dentro de uma redoma de segurança, passando a imagem de que terapeutas não tem problemas pessoais, ou se tem são tranquilamente resolvidos.
Nos esforçamos muito em não deixar transparecer a nossa vulnerabilidade com receio de que isso reflita incompetência profissional, mas o que não percebemos é que o efeito, em minha opinião, é oposto. Nos distanciamos do que nos torna pares daquela pessoa que precisa acreditar que encontrará em nós alguém que assim como ela tem problemas, sofre, mas consegue seguir em frente pois entende a importância de se vulnerabilizar. Porque o que nós já aprendemos (assim eu espero) é que o resultado de um processo de vulnerabilização bem conduzido seja a percepção de que viver precisa estar de acordo com o que é valoroso para nós.
Se o meu raciocínio faz sentido, então nós terapeutas precisamos desenvolver ferramentas e/ou habilidades que desmistifiquem o nosso posto. Nosso foco deve ser transmitir a ideia de que somos parte da solução. E desde a nossa primeira exposição (presencial e virtual) devemos nos dedicar a ser ponte entre o individuo e a sua vida valorosa. Uma vez que o outro enxerga em nós um par, acredito que o caminho até o começo da terapia seja menos árduo e com menos defesas.
Referências
Abreu-Rodrigues, J. & Ribeiro, M. R. (2005). Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicação. Porto Alegre, RS: Artmed.
Moreira, M.B. & Medeiros, C. A (2007). Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed
Skinner, B.F. (2003). Ciência e comportamento humano. Trad Joao Claudio Todorov e Rodolfo Azzi. 10ªed São Paulo: Martins Fontes
Dentro da prática clínica, podemos utilizar de diversos recursos para auxiliar nossos clientes e um destes recursos, é a metáfora.
O uso de metáforas pode se tornar um procedimento para desenvolver autoconhecimento, ser um Sd, realizar analises funcionais, facilitar o relato de clientes ou ser modelos de como se expressar. Vejamos um exemplo:
Imaginemos que a nossa meta de vida é enchermos uma piscina…, mas não estamos falando de qualquer piscina e sim da nossa piscina de reforçadores da vida.
Se você fosse encher uma piscina de 1000l com apenas uma torneira, quanto tempo você levaria? Nem precisamos entender tanto de matemática para avaliarmos que levaria um bom tempo até encher, né?
Agora imagine que você possui várias torneiras: além de poder encher a piscina mais rápido, você não vai esgotar totalmente a capacidade da torneira, ou seja, se faltar água em uma, terá em outra e estará tudo bem!
Quando pensamos em relacionamentos, principalmente no início de uma relação amorosa, é notável o quanto ficamos mais disponíveis para nosso(a) companheiro, ficamos tão disponíveis que muitas vezes, esquecemos de outras relações/atividades que são tão importantes quanto.
Porém, com o passar do tempo da relação, é natural que o nível de atenção que você recebia antes, você deixa de receber depois de um tempo, o que não é nada confortável para quem ainda possui a necessidade de receber aquela atenção…
Podemos imaginar que, teu parceiro(a), seria a torneira principal que enche sua piscina (reforçador de alta magnitude) mas, quando ele(a), está em outra atividade, é como se essa torneira estivesse fechada para você e por isso é importante termos outras torneiras abertas e quando falo de outras torneiras, não necessariamente falo sobre outros relacionamentos amorosos, mas sim, outras atividades que são tão reforçadoras quanto; e essas atividades podem ser: conversar com amigos, assistir algo, passar um tempo sozinha, praticar alguma atividade, ou algo que você perceba que seja reforçador a você.
De acordo com Skinner (2003):
‘’ a única maneira de dizer se um dado evento é reforçador ou não para um dado organismo sob dadas condições é fazer um teste direto. Observamos a frequência de uma resposta selecionada, depois tornamos um evento a ela contingente e observamos qualquer mudança na frequência. Se houver mudança, classificamos o evento como reforçador para o organismo. (p.80)’’
Algumas pessoas possuem dificuldades em saber do que gostam de fazer e por isso, há a necessidade de fazer testes e avaliar o que é reforçador e o que não é, isso chamamos de variabilidade comportamental. Quando variamos nossos comportamentos, temos a possibilidade de criar novas habilidades comportamentais!
Alguns autores (Doughty, Giorno & Miller, 2013; Neuringer, 2015 mencionados por Leite e Micheletto, 2020) em seus estudos experimentais, concluem que a variabilidade comportamental pode ser modificável de acordo com o reforçamento.
Para entendermos o porquê e como as pessoas fazem ou deixam de fazer escolhas vamos nos referir aos esquemas concorrentes (Moreira e Medeiros, 2008). Para estes autores, nos deparamos com esquemas concorrentes quando temos duas ou mais fontes de reforço disponíveis ao mesmo tempo, sendo que, um esquema de reforço não depende do outro, por exemplo: ir ao cinema com o namorado ou ir fazer a unha na manicure.
Com isso, podemos concluir que a nossa variação comportamental pode ser reforçada tanto positivamente (ex: Comer algo gostoso pois é prazeroso), como negativamente (ex: Deixar de ir a casa da sogra, pois não se sente confortável lá), permitindo que, a pessoa não fique dependente de apenas um único reforçador.
Para nós, analistas do comportamento, é desejável que nosso cliente tenha contato com várias fontes de reforços, já que isso produz um bem estar mais duradouro do que ter uma fonte só. Assim, diante de uma situação de extinção de determinado reforçador, o cliente teria possibilidades de manter contato com reforçadores alternativos.
Referências
Leite, Emerson Ferreira da Costa, & Micheletto, Nilza. (2020). Reforçamento da variabilidade comportamental na resolução de problemas. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 72(1), 204-220. https://dx.doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2020v72i2p.204-220
Moreira, M.B. e Medeiros, C. A (2007). Princípios básicos de analise do comportamento. Porto Alegre: Artmed pp. 133
Skinner, B.F. (2003). Ciência e comportamento humano. Trad Joao Claudio Todorov e Rodolfo Azzi. 10ªed São Paulo: Martins Fontes pp. 80