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Compro um carro ou ando a pé? Psicólogos estudam causas de escolhas.

por Laira Estabile

Com que roupa eu vou? Fazer exercício físico ou relaxar no sofá? Engravidar ou não? Vemos diariamente pessoas por aí em situações em que escolhas podem ou são necessárias de serem feitas. Das situações mais simples até as mais complexas, como: me separar ou continuar no casamento? Mentir ou ser verdadeira em um relacionamento? Há de se considerar que desde quando levantamos da cama estamos fazendo escolhas. Em todos os exemplos citados acima, o que existe em comum é o fato de ter vários motivos que nos levam a escolher.

Podemos observar que as chances de tirar uma nota alta em uma prova podem ser maiores se o estudante entrar em contato com o material das aulas, ler sobre a matéria, escrever, tirar dúvidas e responder questões sobre o conteúdo também aumentam as chances de obter o diploma da graduação ao fim do curso. Porém existem outras possibilidades, como: não estudar, faltar as aulas, não fazer exercícios, deixar os trabalhos de lado e ir “levando tudo isso com a barriga”, e consequentemente as chances de garantir o certificado são reduzidas. As situações exemplificadas nos mostram que, de tudo o que fazemos em nossas vidas, há possibilidades de fazermos de outras maneiras, temos opções de escolha de acordo com nossos critérios, o contexto que vivemos, nossa história e nossa realidade, e então escolhemos (esses são alguns dos motivos que explicam o comportamento de escolha).

            Todos nós nos comportamos para atingir objetivos ou porque o que fazemos agora já deu certo antes ou resolveu alguns problemas, mas como estudar isso cientificamente? Podemos começar pensando nas roupas que você usaria para visitar um amigo, e perceber que entre várias opções e estilos diferentes você vai procurar roupas que combine com você, como uma calça jeans, chinelo e camiseta (ou um estilo que se diferencie deste). Isso ocorre porque naquilo que fazemos temos nossas próprias formas de agir; além de existir vários estilos, você escolhe se vestir com roupas que usa constantemente em detrimento de todas as roupas disponíveis no mercado.

Compreender as causas e os efeitos das escolhas parece interessante para que possamos mudar escolhas feitas no presente que impactam o futuro. Pesquisas experimentais sobre comportamentos de escolha nos permitem compreender mais sobre o comportamento humano, além de possibilitar avanços para outras áreas, como as pesquisas aplicadas a comportamentos de impulsividade, autocontrole e comportamentos sob controle de consequências atrasadas.

Como o tema pode ser pesquisado empiricamente?

Para a maioria das pessoas o sonho de se casar, emagrecer, ter um carro, ou decidir fazer uma poupança e ter dinheiro suficiente para fazer uma viagem pode levar tempo, escolhas diárias e dedicação. São nas situações citadas acima que observamos comportamentos de escolha. Escolher por uma consequência atrasada e mais valiosa em detrimento de uma consequência imediata e menos valiosa envolve o conceito de auto-controle. O auto-controle pode ser definido como um comportamento de escolha por uma recompensa que é maios valiosa e ocorrerá futuramente em comparação com uma recompensa menos valiosa e imediata. Então considerar o tempo, e o tamanho da recompensa é bem importante para estudar esse tema de forma científica.

Quais as possibilidades para pesquisar cientificamente comportamentos de escolha?

Comportamentos são afetados por diversas situações que são vividas, inclusive pela história de vida, e é isso que permite estudar aspectos desse fenômeno. Muitos estudos avaliaram o comportamento de escolha por meio da programação de opções entre recompensas mais e menos valiosas como possibilidades de escolhas.

Figura 1: Diagrama com duas opções (opção A com mais recompensa e maior atraso, e opção B com menos recompensa e menor atraso), que pode ser utilizado em estudos que investigaram comportamentos de escolha.

Após as etapas iniciais, como as apresentadas na figura 1, em um experimento a opção A pode ter como recompensa 2,00 reais após 6 segundos, sempre depois que o participante da pesquisa fizer a sua escolha (que pode ser definida como apertar o botão vermelho), e a opção B, que pode ter como recompensa 0,50 centavos com 1 segundo de atraso depois que a escolha foi feita (apertar o botão azul). Esse é um clássico paradigma usado há anos em estudos que se propuseram a investigar os efeitos da escolha (tem referência empírica ao final do texto para quem quiser dar uma olhada).

Concluindo, estudos de comportamentos que envolvem escolha também podem ser utilizados e aplicados em diversos contextos, como por exemplo o ambiente escolar, podendo aumentar as chances de uma criança respeitar, obedecer e também seguir regras quando existe a possibilidade de receber recompensas posteriores que podem ser maiores do que as recompensas imediatas.

Lá vai a referência: HANNA, Elenice S.; RIBEIRO, Michela Rodrigues (organizadoras). Autocontrole: um caso especial de comportamento de escolha. Revista Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicação, pg. 175-187, Artmed, 2005.

O que achou do texto? Qualquer dúvida, sugestão ou opinião, deixe seu comentário aqui embaixo!

Escrito por: Laira C. Estabile – CRP 08/23595

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Frustração: você sabe lidar?

por Bruna Catarina Pavani

Por diversas vezes abri o documento do word esperando conseguir escrever algo bacana. Tentei buscar inspirações em outros textos que escrevi, em textos que li, em podcasts que ouvi, mas nada vinha.

Em alguns momentos, meu pensamento era: ‘’ está tudo bem, daqui a pouco eu tento de novo’’, em outros: ‘’eu preciso escrever isso agora’’. Penso que, o sentimento que consegue resumir bem tudo isso é: a frustração!

Há alguns anos atrás participei de uma palestra cujo o nome era: ‘’você só saberá lidar com a frustração se frustrando’’. Hoje essa palestra fez todo sentido. Durante a palestra, o palestrante comentou que por mais que existem diversos livros de autoajuda que falem sobre o tema, não existe um manual de instrução que nos ensine a não nos frustrarmos mais.


       Frustrações fazem parte da nossa vida e só vamos aprender a lidar com elas quando estamos expostos a essas situações.


       Não temos como nos preparar para uma situação para que quando ela aconteça, sintamos menos… por mais que você se prepare para lidar com a dor de uma injeção, você vai continuar sentindo a dor quando ela for aplicada e essa dor passa!

Aceitar o que estamos sentindo é fundamental para situações assim… a questão, é que somos ensinados a nos esquivar de nossos sentimentos!

Hayes e Pistorello (2015) mencionam:

Aceitar um evento encoberto é estar disposto a tê-lo, é possibilitar sua manifestação e não evitar entrar em contato com ele. Não é o mesmo que resignação, tomá-lo como uma certeza ou com tolerância, mas perceber o que está acontecendo com seus pensamentos e sentimentos sem perder de vista que são apenas pensamentos e sentimentos, sem se fundir a eles. (…) Aceitar os eventos encobertos tem duas grandes vantagens: o autoconhecimento — saber o que se passa consigo mesmo e como os acontecimentos repercutem nos pensamentos e sentimentos, possibilitando o acesso à experiência e consequentemente aprendendo através dela; e a neutralização da necessidade de fugir ou evitar estes eventos (p.69)

No próximo texto, falarei mais pra vocês sobre como aceitar nossos sentimentos! Hayes, S.C. e Pistorello, J. (2015). Introdução a Terapia de Aceitação e Compromisso. Belo Horizonte/MG: Artesã. P.69

Bruna Catarina Pavani – @psicobrupavani

Especialista em Análise do comportamento (ITCR) | Pós graduanda em Sexologia (INPASEX)
CRP 06/135021