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Em busca do felizes para sempre…

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Bruna Catarina Pavani

De acordo com Skinner (2009), amor nada mais é do que reforçamento positivo.

É natural olharmos para o amor como se ele fosse algo definitivo, porém, a forma como vamos amar é construída socialmente, de acordo com a cultura, época, crenças e valores. Um exemplo é: a forma como as pessoas se relacionavam no século XX é diferente de como se relacionam hoje no século XXI.

Uma das maiores procuras dentro de um consultório psicoterapêutico está relacionada a questões de relacionamentos amorosos. Ao longo dos anos pudemos notar diversas mudanças nas formas como as pessoas foram se relacionando e é sobre isso que iremos conversar aqui hoje.

Hoje, notamos um padrão nos relacionamentos atuais: menor durabilidade das uniões, menor tolerância aos conflitos, menos paciência e mais imediatismo. (Shema, Oliveira, 2013), porém, no consultório, ainda é possível notar o quanto as pessoas idealizam o amor romântico. De acordo com Lins (2017), amor romântico é quando você idealiza a pessoa amada e projeta nela tudo o que gostaria que ela fosse, mas quando você realmente começa a conviver com a pessoa no dia a dia, você vai percebendo que nada disso é real.

Mas de onde surge essa ideia do amor romântico?

Antigamente, o único amor aceito, era o amor direcionado a Deus, pois até então, os relacionamentos se davam através de contratos sociais, mas a partir do século XIX, o ideal amoroso passou a ser uma possibilidade para o casamento, sendo os filmes, uma das grandes influências nesta época. (LINS, 2017, p.24)

Podemos pensar que uma grande influência ao longo do tempo, foram os contos de fadas. Maia, Venturin, Longhitano, Leite e Gravalos (2020) apontam que, os valores primordiais em sociedade apresentados nos contos de fadas, eram impostos para as crianças como algo a ser seguido.

Mas a ideia do amor romântico somado à nossa atualidade são contas que não se fecham, pois atualmente estamos buscando viver mais a nossa individualidade, nos conhecer mais, desenvolver nossos potenciais e o amor romântico prega o oposto disso: que os dois se transformam em um só.  Lins (2017) menciona que desde a infância somos condicionados a desejar esse tipo de amor – o amor romântico – mas, como já mencionado anteriormente, a forma como vamos amar é construída socialmente de acordo com a cultura, época, tempo, crenças, e o amor romântico foi funcional em determinadas épocas, mas não está sendo mais funcional no momento presente, porém, ainda nos comportamos seguindo a regra de que, devemos encontrar alguém e viver felizes para sempre com essa pessoa.

Não nos ensinam que, ‘’felizes para sempre’’ pode ter começo, meio e fim e pode durar uma vida toda, assim como, pode durar um dia. ‘’Felizes para sempre’’ pode ser com apenas uma pessoa ou com várias – ao mesmo tempo, ou não – ‘’felizes para sempre’’ pode ser em um relacionamento amoroso ou na construção de um sonho pessoal.

Penso que, como psicoterapeutas, precisamos ampliar o repertório de nossos clientes de acordo com a história de contingências que eles possuem, para que assim, eles possam encontrar os seus ‘’felizes para sempre’’ da forma como desejarem.

LINS, Regina Navarro. Novas formas de amar. São Paulo: Planeta do Brasil, 2017. 272 p.

MAIA, Ana Claudia Bortolozzi.; VENTURIN, Ana Beatriz.; LONGHITANO, Bianca.; RIBEIRO LEITE, Márcia Gabriela.; MACEDO GRAVALOS, Nathalia. PADRÕES DE BELEZA, FEMINILIDADE E CONJUGALIDADE EM PRINCESAS DA DISNEY: UMA ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS. Diversidade e Educação[S. l.], v. 8, n. Especiam, p. 123–142, 2020. Disponível em: https://periodicos.furg.br/divedu/article/view/9812.

SKINNER, B. F.. Walden II: uma sociedade do futuro. 2. Ed. São Paulo: EPU, 2009.

SMEHA, Luciane Najar; OLIVEIRA, Micheli Viera de. Os relacionamentos amorosos na contemporaneidade sob a óptica dos adultos jovens. Psicol. teor. prat.,  São Paulo ,  v. 15, n. 2, p. 33-45, ago.  2013.   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872013000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  05  set.  2021.

Bruna Catarina Pavani – @psicobrupavani

Especialista em Análise do comportamento (ITCR) | Pós graduanda em Sexologia (INPASEX)
CRP 06/135021

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