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O golpe tá ai, cai realmente quem quer?

por Bruna Catarina Pavani

Atualmente muito se fala sobre golpe. E neste texto, entenderemos golpe como uma falha de comunicação entre uma ou ambas as partes sobre seus interesses amorosos.

Mas, antes de tudo, precisamos entender conceitualmente o que levaria uma pessoa a cair em um ‘’golpe’’.

Suponhamos que Maria está há um tempo sem se relacionar com ninguém e começa a sentir a necessidade de se relacionar novamente. Maria começa a se expor a situações em que tem a possibilidade de conhecer alguém (emite Sds para que seja reforçada positivamente) e em uma dessas exposições, Maria conhece José. Mas o que Maria não sabe (por não terem conversado), é que José está disponível apenas para conhecer novas pessoas, mas não para se envolver de uma forma mais profunda.

Tabela 1. Relacionamento de Maria e José:

 Operação MotivacionalAntecedenteRespostaConsequência
MariaPrivação de contatos amorososQuerer se relacionar[1]  Contextos em que há a oportunidade de interações sociais (reuniões presenciais, redes sociais, aplicativos, etc.)Se expor a situações que propiciem conhecer novas pessoas  Conhece JoséComeça a se relacionar com José Aproximar-se de José tem a função de suprir a privação de contato social
JoséAproveitar a vida [2]  Qualquer OM que evoque respostas de exploração e variação (a motivação de João o impele a experiências relacionadas a “aproveitar a vida“)Querer conhecer novas pessoas[3]  Contextos em que há a oportunidade de interações sociais (reuniões presenciais, redes sociais, aplicativos, etc.)Se expor a situações que propiciem conhecer novas pessoas  Conhece Maria e outras pessoasAproximar-se de Maria tem a função de suprir sua motivação para a exploração de novas experiências[4] 

Podemos pensar que, a operação motivadora (OM – aquela que, momentaneamente, altera a efetividade reforçadora de um estímulo) é diferente para cada pessoa e com isso, a função do relacionamento também será, levando a diferenças na forma com que irão lidar com ele.

Então, voltando ao caso de Maria e José, pensemos numa situação em que eles estão juntos e José é carinhoso com Maria, dá atenção a ela, demonstra interesse…. a forma como Maria interpretaria isso (e agiria), seria de acordo com a sua operação motivacional, vejamos a seguir:

Tabela 2. Relacionamento de Maria e José:

 Operação MotivacionalAntecedenteRespostaConsequência
JoséOM que evoque respostas de exploração e variação  Na presença de pessoas de seu interesse  José será atencioso, carinhoso, afetuoso Receber atençãoReceber afetoNova experiência  
MariaPrivação de contatos amorososNa presença de comportamentos afetivos de JoséMaria retribui os afetosSatisfação da condição de privaçãoMaria cria expectativas de uma relação futura.

Vejamos que não há nada de errado no comportamento de nenhum deles, afinal, cada um tem se comportado de acordo com a sua operação motivacional, a questão, é que a curto prazo essa relação será benéfica a ambos, mas a médio/longo prazo, um deles, não terá a sua necessidade suprida.

Mas como vamos saber qual é a operação motivacional de cada pessoa com quem vamos nos relacionar?

Penso que, antes de saber a do outro, é importante que você tenha consciência de qual é a sua, do que você busca, quais são os seus objetivos e, aí sim, você poderá avaliar se o outro conseguirá suprir suas necessidades ou não.

Ser transparente sobre seus interesses é essencial dentro de qualquer relação, seja ela amorosa ou não, não existe nada de errado em querer estar num relacionamento amoroso, assim como, está tudo bem querer apenas conhecer novas pessoas, desde que isso fique claro para ambos. Se, ao conhecerem-se, ambos não explicitarem o que estão buscando, o relacionamento pode ser frustrante para ambos. Ambos serão vítimas do mesmo golpe: a comunicação imprecisa.


querer não é antecedente. A privação é a OE ( e o querer é o sentimento correlato a essa OM)

Aproveitar a vida não pode ser uma OM. Pode ser um efeito da contingência, mas não é uma alteração ambiental momentânea que evoca comportamento

querer nunca é um antecedente

O interessante aqui é que o contexto é o mesmo, as respostas são as mesmas, mas com função diversa

Atualmente muito se fala sobre golpe. E neste texto, entenderemos golpe como uma falha de comunicação entre uma ou ambas as partes sobre seus interesses amorosos.

Mas, antes de tudo, precisamos entender conceitualmente o que levaria uma pessoa a cair em um ‘’golpe’’.

Suponhamos que Maria está há um tempo sem se relacionar com ninguém e começa a sentir a necessidade de se relacionar novamente. Maria começa a se expor a situações em que tem a possibilidade de conhecer alguém (emite Sds para que seja reforçada positivamente) e em uma dessas exposições, Maria conhece José. Mas o que Maria não sabe (por não terem conversado), é que José está disponível apenas para conhecer novas pessoas, mas não para se envolver de uma forma mais profunda.

Tabela 1. Relacionamento de Maria e José:

 Operação MotivacionalAntecedenteRespostaConsequência
MariaPrivação de contatos amorososQuerer se relacionar[1]  Contextos em que há a oportunidade de interações sociais (reuniões presenciais, redes sociais, aplicativos, etc.)Se expor a situações que propiciem conhecer novas pessoas  Conhece JoséComeça a se relacionar com José Aproximar-se de José tem a função de suprir a privação de contato social
JoséAproveitar a vida [2]  Qualquer OM que evoque respostas de exploração e variação (a motivação de João o impele a experiências relacionadas a “aproveitar a vida“)Querer conhecer novas pessoas[3]  Contextos em que há a oportunidade de interações sociais (reuniões presenciais, redes sociais, aplicativos, etc.)Se expor a situações que propiciem conhecer novas pessoas  Conhece Maria e outras pessoasAproximar-se de Maria tem a função de suprir sua motivação para a exploração de novas experiências[4] 

Podemos pensar que, a operação motivadora (OM – aquela que, momentaneamente, altera a efetividade reforçadora de um estímulo) é diferente para cada pessoa e com isso, a função do relacionamento também será, levando a diferenças na forma com que irão lidar com ele.

Então, voltando ao caso de Maria e José, pensemos numa situação em que eles estão juntos e José é carinhoso com Maria, dá atenção a ela, demonstra interesse…. a forma como Maria interpretaria isso (e agiria), seria de acordo com a sua operação motivacional, vejamos a seguir:

Tabela 2. Relacionamento de Maria e José:

 Operação MotivacionalAntecedenteRespostaConsequência
JoséOM que evoque respostas de exploração e variação  Na presença de pessoas de seu interesse  José será atencioso, carinhoso, afetuoso Receber atençãoReceber afetoNova experiência  
MariaPrivação de contatos amorososNa presença de comportamentos afetivos de JoséMaria retribui os afetosSatisfação da condição de privaçãoMaria cria expectativas de uma relação futura.

Vejamos que não há nada de errado no comportamento de nenhum deles, afinal, cada um tem se comportado de acordo com a sua operação motivacional, a questão, é que a curto prazo essa relação será benéfica a ambos, mas a médio/longo prazo, um deles, não terá a sua necessidade suprida.

Mas como vamos saber qual é a operação motivacional de cada pessoa com quem vamos nos relacionar?

Penso que, antes de saber a do outro, é importante que você tenha consciência de qual é a sua, do que você busca, quais são os seus objetivos e, aí sim, você poderá avaliar se o outro conseguirá suprir suas necessidades ou não.

Ser transparente sobre seus interesses é essencial dentro de qualquer relação, seja ela amorosa ou não, não existe nada de errado em querer estar num relacionamento amoroso, assim como, está tudo bem querer apenas conhecer novas pessoas, desde que isso fique claro para ambos. Se, ao conhecerem-se, ambos não explicitarem o que estão buscando, o relacionamento pode ser frustrante para ambos. Ambos serão vítimas do mesmo golpe: a comunicação imprecisa.


querer não é antecedente. A privação é a OE ( e o querer é o sentimento correlato a essa OM)

Aproveitar a vida não pode ser uma OM. Pode ser um efeito da contingência, mas não é uma alteração ambiental momentânea que evoca comportamento

querer nunca é um antecedente

O interessante aqui é que o contexto é o mesmo, as respostas são as mesmas, mas com função diversa

Bruna Catarina Pavani – @psicobrupavani

Especialista em Análise do comportamento (ITCR) | Pós graduanda em Sexologia (INPASEX)
CRP 06/135021

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