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Díade|Lab – Trilhas: Aprendendo sobre a ANSIEDADE. Você tem medo de que?

Por Denis Zamignani (DíadeLab, Paradigma, Evolucio Capacitação)

Esse é o terceiro episódio da série DíadeLab Trilhas. Pra você que está na maior pilha pra estudar mas precisa de uma mãozinha pra não se perder no caminho!

Continuamos nossa viagem sobre o mundo da Ansiedade, mas o tema agora é Medo. Mas pra começar essa trilha sem medo, vamos relaxar um pouco, ao som de Lenine e Julieta Venegas… “O medo é uma linha que separa o mundo; O medo é uma casa aonde ninguém vai; O medo é como um laço que se aperta em nós; O medo é uma força que não me deixa andar”.

Escrever esse texto me fez me dar conta do quanto é difícil começar a “parir” o primeiro parágrafo… por onde começar? será que o pessoal vai gostar do tema? Será que vou conseguir ser claro o suficiente? E quando me dei conta, estava passando por um dos medos mais comuns do mundo acadêmico… a ansiedade de escrever. E é sobre isso que fala o texto do Jacinto Júnior “O processo comportamental da escrita”, no Blog da DíadeLab.    

O fato é que algumas situações deixam a gente morrendo de medo. Já outras deixam a gente um pouco ansioso. Mas será que medo e ansiedade são a mesma coisa? Quando a gente tem medo, sente ansiedade? Toda ansiedade envolve medo? No vídeo “Medo x Ansiedade”, o psiquiatra Cassiano Zortéa conta pra gente que o medo é uma resposta emocional a uma ameaça presente, enquanto a ansiedade se dá pela antecipação de uma ameaça futura. Vale a pena conferir!

Por que será que a gente tem medo? Será que a vida não seria muito mais divertida sem ele? Nesse vídeo “Por Que Sentimos Medo” do canal Ciência Todo Dia (aliás super recomendo esse canal!), você pode ver que não é bem assim.  Sem o medo, talvez nossa espécie tivesse dado lugar a algum outro ser – baratas, talvez? Arghhh

O medo e a ansiedade são os principais componentes dos transtornos de ansiedade. Mas é nas Fobias que o medo se destaca como componente central. Então, vamos falar um pouco sobre Fobias específicas? Roberto Banaco, nesse episódio do Programa “Como Será”, conversa sobre Fobias com a jornalista Sandra Annenberg.  Ele aponta que o medo, assim como todas as emoções, é importante porque nos preparam para agir em situações de ameaça. Já a fobia é geralmente um medo aprendido – e exagerado, e que por isso pode prejudicar o desempenho do indivíduo. No entanto, é importante lembrar que quando falamos de uma fobia estamos falando de comportamento, e não de uma doença. O nome Fobia descreve comportamento, mas não explica comportamento. É o que explica o artigo de Bruno Alvarenga no Minuto Psicologia.

Esse princípio trazido pelo texto de Bruno Alvarenga faz com que cada caso de fobia seja tratado de maneira individualizada. É o que mostra a Aula 8 do curso de estudos de caso da DíadeLab, na qual a Dra. Regina Wielenska relata o manejo de diferentes casos de Fobia de deglutição e aponta como, para cada caso, a análise de contingências conduz a diferentes estratégias de intervenção.

O curioso disso tudo é que poucas vezes somos procurados em nossos consultórios para tratar desse tipo de fobia. Na maioria das vezes o cliente dá um jeito de organizar a vida para não ter que lidar com o problema, a não ser que ele atrapalhe sua vida profissional ou social. É o caso, por exemplo, das fobias de avião ou fobia de dirigir, quando a pessoa perde oportunidades profissionais por não conseguir viajar. Um dos recursos de ponta disponíveis para esses casos é o tratamento de exposição por meio de realidade virtual, como apresentado nesse estudo orientado pela Dra. Verônica Bender Haydu.  

Você tem alguma dica pra tornar essa trilha ainda mais interessante? Escreva aqui nos comentários suas sugestões de leitura, vídeos, áudio e compartilhe com a gente sua experiência!

Comunidade DíadeLab… Juntos a gente chega mais longe!

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Díade|lab Trilhas: Aprendendo sobre a ANSIEDADE em tempos de COVID-19

Aprendendo sobre a ANSIEDADE em tempos de COVID-19

Por Denis Zamignani (DíadeLab, Paradigma, Evolucio Capacitação)

Ola! Esse é oi segundo episódio da série DíadeLab Trilhas. Pra você que está na maior pilha pra estudar mas precisa de uma mãozinha pra não se perder no caminho!

Continuamos nossa viagem sobre o mundo da Ansiedade, falando um pouco sobre a ansiedade num mundo em Pandemia.

A ansiedade e os transtornos a ela relacionados estão há muito tempo presentes na nossa prática clínica, mas o advento da pandemia de COVID19 trouxe novos desafios para o terapeuta. A experiência de ameaça constante (e invisível) trazida pela pandemia afetou significativamente aqueles que estão na linha de frente do enfrentamento da Pandemia. Em uma meta-análise realizada por Silva e col., foi constatada alta prevalência de ansiedade entre profissionais de saúde, sendo maior o risco entre mulheres e enfermeiros. Os achados indicam a importância de medidas para a prevenção e o tratamento adequado, especialmente daqueles que apresentam sintomas de ansiedade moderada e grave. No vídeo “Ansiedade em tempos de COVID – Acolhimento ao cliente e autocuidado do terapeuta”, Denis Zamignani conversa com Josy Moriyama sobre ansiedade em tempos de pandemia, na Capacitação para suporte psicológico da Equipe de terapeutas da UEL. E esse episódio da série Trilhas está Global! Vale apena assistir a live do Instituto Agir e Pensar, onde Valessa Oliveira entrevista a atriz Mariana Santos falam sobre maneiras criativas com que a atriz lida com sua ansiedade – por vezes deliciosamente cantando e dançando suas crises de pânico – dentre outras passagens de sua história. Nessa outra live, Equilíbrio Emocional em Tempos de Isolamento, Pedro Quaresma conversa com a atriz Jacqueline Sato, que conta de maneira divertida, como “virou a louca da faxina” nas primeiras semanas, e passou a equilibrar os afazeres domésticos, as demandas profissionais, as demandas da House of Cats, o auto-cuidado e o cuidado com a avó durante a quarentena.

Mas não são apenas os profissionais que trabalham na linha de frente que sofreram com a ansiedade. A ansiedade tem aumentado significativamente na população em geral. No estudo desenvolvido por Barbosa e cols., foram encontrados níveis elevados de ansiedade desencadeados após a pandemia. Diversas são as fontes de ansiedade: o período excessivo de isolamento e distanciamento social, o medo de se contaminar ou mesmo o bombardeio de informações, conforme aponta esse artigo de Sidnei Priolo no Portal Comporte-se. O trauma de perder entes queridos ou de ter a própria vida ameaçada ao sofrer a contaminação pelo vírus podem ser fonte de estresse pós-traumático . Transtornos de ansiedade também são detectados em pessoas que foram contaminadas pelo COVID-19. Em um estudo desenvolvido pelo Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, a avaliação subjetiva prevalente dos pacientes pós-COVID é de dor, ansiedade e depressão. O isolamento do paciente durante a internação, na qual ele fica privado de visitas familiares ou mesmo sem contato por celular pode ter grande impacto na sua saúde mental. Outro estudo desenvolvido com pacientes três meses após testar positivo para COVID-19 detectou que quase um em cada cinco (18%) recebeu um diagnóstico psiquiátrico, o que é quase o dobro de outros grupos de pacientes com condições e doenças diferentes. Devido a estes achados, a ansiedade tem sido estudada como uma possível sequela do Coronavirus.

A Pandemia foi também um catalisador de ações incríveis de acolhimento e solidariedade. Muitos projetos foram desenvolvidos para acolhimento da população em sofrimento psicológico em função da Pandemia de COVID-19. Exemplos desses projetos foram desenvolvidos no Centro Paradigma – o Projeto Mobilização Paradigma (veja os vídeos do simpósio sofrimento psicológico na Pandemia Parte 1 e Parte 2)  e na Universidade Estadual de Londrina – o Projeto Suporte Psicológico COVID-19 (veja o texto de Josy Moriyama e Renata Grossi sobre o Projeto).

E nós, terapeutas? Será que a Pandemia afetou nossa saúde mental? Nesse episódio da série REDETAC em Evidências, Alessandra Vilas Boas e Ana Carmen Oliveira têm uma conversa cheia de sensibilidade sobre os impactos no terapeuta das mudanças provocadas pela pandemia do Covid-19 e o cuidado para quem cuida. Nessa Live Paradigma “Mindfullness: estratégias em dias de isolamento“, Roberta Kovac fala sobre os benefícios do mindfullnes e apresenta alguns recursos que podem contribuir para enfrentar a ansiedade desse período tão difícil. Aproveita e dá uma olhadinha na aula incrível sobre autocuidado do terapeuta que a Fátima Conte e o Bernardo Rodrigues deram no Curso da DíadeLab “Olhares sobre a prática clínica do Terapeuta Analítico-Comportamental – Aula 21 – Terapeuta também é gente.

Nas próximas Trilhas DíadeLab, vamos falar ainda mais da ansiedade, em diferentes contextos e sob diferentes perspectivas.

Você tem alguma dica pra tornar essa trilha ainda mais interessante? Escreva aqui nos comentários suas sugestões de leitura, vídeos, áudio e compartilhe com a gente sua experiência! Comunidade DíadeLab… Juntos a gente chega mais longe!

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Díade|lab Trilhas: Aprendendo sobre a ANSIEDADE sem a ansiedade pelo excesso de informações

Parte 1: definindo a ansiedade enquanto fenômeno comportamental.

Por Denis Zamignani (DíadeLab, Paradigma, Evolucio Capacitação)

Você já ouviu falar de infoxicação? É um termo pouco conhecido, mas que retrata bem os dias de hoje… somos bombardeados de informações de todos os lados. Com o desenvolvimento da internet e das redes sociais, temos acesso a muita informação útil, mas também a uma infinidade de informações falsas. Foi pensando nisso, que criamos a série DíadeLab Trilhas. Pra você que está na maior pilha pra estudar mas precisa de uma mãozinha pra não se perder no caminho!

E já que falamos de ansiedade, vamos começar nossa viagem falando desse tema tão desafiador.

Nossa viagem começa com um vôo panorâmico: no artigo “Um panorama analítico-comportamental sobre os transtornos de ansiedade”, Denis Zamignani e Roberto Banaco abordam a ansiedade enquanto fenômeno clínico, diferenciando a ansiedade normal do cotidiano das suas manifestações clínicas. Você já se deu conta de que a ansiedade é um mecanismo de sobrevivência? Imagina só você atravessando a rua, quando se depara com um veículo a toda velocidade vindo na sua direção! Aquela descarga de adrenalina que te faz sair no pinote e fugir a toda velocidade é fundamental para que continue por aqui contando sua história. Mas por vezes essa ansiedade foge do controle e precisa de intervenção terapêutica ou medicamentosa. No artigo, os autores vão apresentar uma análise detalhada dos processos respondentes e operantes envolvidos nos transtornos de ansiedade. Esses processos são explicados também no vídeo “Entendendo e Vencendo a Ansiedade”, no qual Denis Zamignani (bem jovenzinho e alguns quilos mais magro!) fala sobre os transtornos de ansiedade na clínica.

Na DíadeLab, você também pode aprender sobre os processos comportamentais envolvidos na ansiedade, nas aulas do Curso “Do Laboratório para a vida”. Na aula 4, “Um futuro ameaçador”, o Prof. Denigés Regis Neto apresenta o modelo experimental de Supressão condicionada e sua contribuição para a compreensão da ansiedade – como processos respondentes podem interferir sobre o desempenho operante, levando à ansiedade e à paralização. Na aula 5 do mesmo curso, o Prof. Felipe Corchs fala sobre “Os transtornos relacionados a ameaças” – uma análise sobre padrões de mobilização orquestrada dos recursos do organismo perante situações de ameaça, que pode se dar nos transtornos de ansiedade, depressivos e de estresse pós-traumático. Para além das experiências concretas com eventos aversivos na determinação da ansiedade, a história de relações verbais e simbólicas exerce também um papel importante; no vídeo “RFT e ACT: Explicação e Tratamento da Ansiedade”, Roberta Kovac explica como isso ocorre e como a terapia verbal pode contribuir no manejo da ansiedade. Quer aprofundar ainda mais o estudo do assunto? A dissertação de mestrado da Nilzabeth Coelho, sob orientação do Prof. Emmanuel Zagury Tourinho traz uma excelente análise das variáveis envolvidas na ansiedade.   Nas próximas Trilhas DíadeLab, vamos falar ainda mais da ansiedade, em diferentes contextos e sob diferentes perspectivas.

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O que um sapo pode te ensinar sobre relacionamento abusivo?

por Bruna C. Pavani

De acordo com Barreto (2015), um relacionamento é abusivo quando há excesso de poder e controle entre uma das partes. Os sinais de abuso iniciam de forma sutil e podem avançar gradualmente, podendo chegar à violência física ou psicológica, causando sofrimento e trazendo prejuízos à qualidade de vida, saúde mental e física da vítima.

Apesar de ter tido maior destaque na mídia nos últimos tempos – principalmente por conta do aumento dos casos na pandemia-, ninguém está livre de entrar em um relacionamento abusivo.

Em 2006, foi instituída a Lei maria da Penha (11340/06) cuja principal função é coibir, prevenir e erradicar a violência contra a mulher. Mas é importante ressaltar que relações abusivas independem de gêneros.

Quando pensamos que um relacionamento abusivo começa de forma sutil, sempre gosto de lembrar da metáfora do sapo e da água fervente:

‘’Se você puser um sapo numa panela, enchê-la com água e colocar no fogo, vai perceber que o sapo se ajusta à temperatura e permanece dentro, porém, quando a temperatura atinge um grau elevado, o sapo não consegue sair mais na panela e isso não é por conta da temperatura, mas sim, por estar cansado por ter se ajustado tantas vezes à temperatura da água. Agora, se colocarmos um sapo numa panela já com a água fervendo, de imediato o sapo pula fora.’’

Quando iniciamos um relacionamento, as situações abusivas não se iniciam com a “água fervendo”, caso contrário conseguiríamos pular fora de imediato. Mas o que seria essa água fervendo? Depende. Para cada individuo pode ser uma coisa diferente e depende da forma como cada pessoa discrimina as contingências em ação.

Quando iniciamos um relacionamento, geralmente, “a água está fria” e “pode ir se aquecendo aos poucos” e é isso que chamamos de forma sutil. O comportamento do abusador vai se refinando e a vítima vai reforçando seu comportamento sem muitas vezes ter consciência das consequências que isso pode lhe ocorrer. Vejamos um exemplo:

Imaginem um casal que iniciou um relacionamento recentemente: João e Maria.

Quadro 1. Retrato do relacionamento de João e Maria:

João diz a Maria que gostaria de saber mais sobre suas amizades, afinal, gostaria de conhecê-la melhor. Maria, feliz, conta para João sobre todos os seus amigos e diz que quer levá-lo para conhecê-los. Quando João conhece seus amigos, comenta com ela que fica desconfortável com a forma como Maurício a trata, pois parece que ele está apaixonado por ela. Com isso, Maria decide se afastar de Maurício para evitar desentendimentos com João.

Quando olhamos apenas para a forma (topografia) do comportamento de João, ele parece apenas demonstrar interesse em conhecer melhor a namorada e seus amigos, mas a função nem sempre corresponde à topografia. Neste caso, a função era ter controle sobre Maria e as pessoas com quem ela convivia. Maria reforça o comportamento de João ao se afastar de Mauricio.

Quadro 2. Retrato do relacionamento de João e Maria:

Após alguns meses, Maria comenta com João que terá um aniversário de uma amiga ao qual ela gostaria muito de ir, mas que será apenas para garotas e que ele não seria convidado, João fica emburrado e fica sem conversar com Maria por um tempo. Maria decide não ir ao aniversário.

Novamente, a topografia pode parecer diferente da função: A forma neste caso sugeria desconforto, mas a função é também de controle sobre o comportamento de Maria. Mais uma vez, Maria reforça o comportamento abusivo de Joao quando desiste de ir ao aniversário.

Quadro 3. Retrato do relacionamento de João e Maria:

João e Maria começaram a passar mais tempo juntos e se divertem quando estão juntos, o que é reforçador a ambos. Mas o final do ano chega e os pais de Maria combinam uma viagem com ela e antes de dizer a João, Maria já recusa pois sabe que João não iria gostar. Maria passa o final do ano com João e João varia o seu comportamento entre grosserias e carinhos.

Além dos prejuízos sociais que Maria tem por já não sair mais com seus amigos, Maria se priva de atividades prazerosas para ficar com Joao como forma de evitar discussões, porém, entra no ciclo do relacionamento abusivo:

É importante lembrar que nem sempre a relação abusiva é de fácil identificação e isso se dá por conta da variabilidade de comportamentos que podem ser emitidos dentro de um relacionamento, assim como variam as funções dos comportamentos emitidos. Mas, existem alguns comportamentos que estão sempre presentes dentro de relacionamentos abusivos, como: Controle, ciúmes e isolamento social e é importante nós, como psicoterapeutas ficarmos alertas a estes sinais.

Barretto, R.S. (2015) Psicóloga explica relacionamento abusivos: o que é e como sair dessa situação. Entrevista. UNESP, São Paulo. Recuperado de: http://reporterunesp.jor.br/2015/08/20/psicologa-explica-relacionamentos-abusivos-oque-e-e-como-lidar-com-essa-situacao/

Barretto, R.S. (2015) Psicóloga explica relacionamento abusivos: o que é e como sair dessa situação. Entrevista. UNESP, São Paulo. Acesso em: http://reporterunesp.jor.br/2015/08/20/psicologa-explica-relacionamentos-abusivos-oque-e-e-como-lidar-com-essa-situacao/

WALKER, Lenore. The battered woman. New York: Harper and How, 1979.

_____. LEI MARIA DA PENHALei N. °11.340, de 7 de Agosto de 2006

Bruna Catarina Pavani – @psicobrupavani

Especialista em Análise do comportamento (ITCR) | Pós graduanda em Sexologia (INPASEX)
CRP 06/135021