
Bruna C Pavani
Quando acabamos de sair de um relacionamento amoroso, precisamos lidar com o luto do término, independente se é um relacionamento saudável ou não.
Descrevendo o término de uma forma comportamental: é quando deixamos de entrar em contato com reforçadores que o outro nos fornecia e começamos entrar em contato com sentimentos aversivos como raiva, baixa autoestima, saudade, tristeza, solidão, que são consequências do próprio término.
É como dar um doce a uma criança e depois de um tempo tirar esse doce e falar para essa criança lidar com isso.
Você já conheceu a parte boa de uma relação, agora ter que conhecer a parte desagradável, e para algumas pessoas, é aversivo demais, ao ponto de se esquivarem de futuras relações. E com isso, começamos com um novo conceito: Esquiva.
De acordo com Sidman (1989/2009), esquiva é uma das formas de reforçamento negativo – sendo a outra forma, fuga – onde podemos considerá-la antecipatória, por exemplo: não esperamos levar uma bronca do chefe para corrigirmos algo que já vimos que está errado, nós vamos corrigindo antes mesmo da bronca aparecer, ou, evitamos ficar parados na rua sem gasolina, ao invés disso, quando vemos que está acabando, tendemos a abastecer.
É notório o quanto a esquiva é essencial para a nossa sobrevivência, né?
Porém, uma pessoa que possui um comportamento de esquiva bem refinado, pode ter prejuízos. Sidman (1989/2009) traz algumas desvantagens do comportamento de esquiva:
- Empobrecimento do repertório comportamental, já que, o indivíduo não se expõe a contingências para averiguar se passará por uma situação semelhante a anterior.
- Contingências de esquiva são coercitivas e se caracterizam pela presença de fortes respostas emocionais como raiva, tensão, medo e ansiedade.
Trazendo isso para o âmbito amoroso e para uma pessoa que possui um comportamento refinado de esquiva, vamos pensar em possíveis prejuízos:
- Essa pessoa possivelmente deixará de conhecer novas pessoas com receio de sofrer novamente;
- Essa pessoa não irá se expor a eventos sociais, onde tem possibilidade de entrar em contato com novas pessoas;
- Essa pessoa deixará de vivenciar bons momentos por receio de vivenciar os momentos desgostosos também
Como psicoterapeutas comportamentais, é importante entendermos o que mantém esse comportamento em nosso cliente e concomitantemente, ir promovendo a aproximações de eventos aversivos de uma forma que o cliente consiga lidar, desenvolvendo assim, habilidades sociais necessárias para lidar com a situação. Sidman, M. (1989/2009). Coerção e suas implicações. Trad. Maria Amália Andery & Tereza Maria Sério. Campinas: Livro Pleno. P.135-176

Bruna Catarina Pavani – @psicobrupavani
Especialista em Análise do comportamento (ITCR) | Pós graduanda em Sexologia (INPASEX)
CRP 06/135021