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Relações humanas

Como regras sociais influenciam os relacionamentos amorosos?

Bruna Catarina Pavani

De acordo com Skinner (1984), regras são descrições de relações entre as ações de um sujeito e suas possíveis consequências. As regras podem se apresentar de diversas formas, tais como instruções ou conselhos, auxiliando assim o processo de aprendizagem. Além disso, a própria pessoa pode exercer o papel de ouvinte/falante ao mesmo tempo, emitindo regras para si mesmo – quando isso ocorre, damos o nome de autorregeras.

Quando pensamos em regras e relacionamentos amorosos, nosso senso comum costuma ditar diversas regras sobre formas de se relacionar. O indivíduo pode ainda formular autorregras aa partir de sua história de vida.

Vamos pensar em algumas regras sociais:

  • ‘’Depois que casar muda’’
  • ‘’ Se está difícil é porque vale a pena’’
  • ‘’ Uma boa mulher muda o homem’’
  • ‘’ Mulher de balada não dá para ser levada a sério’’
  • ‘’ Homem é tudo igual’’

E por aí vai….

Podemos pensar que existem vantagens e desvantagens ao seguirmos regras. Uma de suas vantagens é que aprendemos de forma mais rápida, até porque, passamos a seguir instruções e podemos generalizá-las. No entanto, uma de suas desvantagens é que podemos ficar insensíveis às contingências, ou seja, não discriminamos as contingências em operação por estarmos sob controle das instruções recebidas e com isso, diminuímos nossa variabilidade comportamental. (MEYER, 2007).

De acordo com Paixão (2016), “os comportamentos controlados por regras podem ser mantidos por uma consequência não especificada pela própria regra e que não seja produzida diretamente pelo comportamento. Dito de outro modo, o comportamento governado por regras pode ser modelado e mantido por controle social.’’. O reforçamento social, portanto, pode manter um comportamento de seguir regras, mesmo quando essa regra não corresponde à contingência nela descrita e daí a insensibilidade à contingência.

Ao pensarmos nas regras descritas acima, se ficarmos sob controle delas, podemos nos manter em relacionamentos abusivos e/ou acreditar que a pessoa irá mudar, afinal, isto está descrito na regra, podemos acreditar que a responsabilidade de um relacionamento não dar certo é totalmente da mulher, afinal, uma boa mulher muda um homem, não é mesmo?

Podemos generalizar o comportamento dos homens, acreditando que todos irão se comportar da mesma forma- sendo que cada um tem sua própria individualidade – e com isso, dificultamos a discriminação de contingências.

Ao seguir a regra ‘’se está difícil é porque vale a pena’’, a pessoa pode aumentar sua tolerância a situações toxicas e com isso, ficar insensível aos seus sentimentos e limites.

Seguir regras não é algo considerado ruim, porém, seguir regras em excesso pode ocasionar em prejuízos pois o indivíduo pode e tornar insensível ao ambiente. Algumas regras são necessárias para a nossa sobrevivência, como por exemplo: ‘’no farol vermelho, não atravesse’’. Mas é importante que sejamos flexíveis quando necessário.

Meyer, S. B. (2007). Regras e autorregeras no laboratório e na clínica. In. Rodrigues, J. & Ribeiro, M. R. Análise do Comportamento: pesquisa, teoria e aplicação. pp. 211-228.

Paixão, D. (2016). Seguir regras: dois tipos de regras e seus controles comportamentais. Disponível em: https://comportese.com/2016/03/18/seguir-regras-dois-tipos-de-regra-e-seus-controles-comportamentais

Skinner, B. F. (1984). Uma análise operante da resolução de problemas. In: Moreno, R. Contingências de reforço. São Paulo: Abril Cultural.

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